Espectros, 2016

Jorge Castanho modelou com as suas mãos 150 pequenas esculturas, muito longe do detalhe que as ferramentas do Zbrush, que aprendeu a dominar, permitem. Aplicou a menor quantidade de massa e de tempo nos aspetos mais expressivos da morfologia. Não se sente o ofício de ceramista porque, na realidade, não se trata de cerâmica, mas tão só de morfologia fixada pelo fogo, para prolongar a sua duração. Juntas, estas criaturas recebem a luz do Sol, ou das lâmpadas, indiferentes ao mundo.

No seu conjunto ou em grupos, estas peças de caracter fantástico, parecem convidar o homem, nestes tempos de agitação, a fazer exercícios profundos de meditação. O tabuleiro onde as diferentes forças se equilibram carece de um ajuste permanente, para que nenhuma das criaturas prevaleça sobre a individualidade da outra.

Numa das paredes estão 60 tags desenhadas para produzir realidade aumentada quando afixadas nas ruas de Lisboa. Apontando um smartphone com a respetiva aplicação para um dos perfis que serve de marcador, no monitor aparecerá a visualização individual da escultura correspondente. Depois, de volta ao tabuleiro, ajusta-se a peça.

JC.